Pesquisa personalizada

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Templo Budista - Capítulo 12

Ni Hao!

Bom gente, depois de alguns dias de atraso, como prometido, mando o relato fotos e vídeos do passeio que fizémos na última segunda a um templo Busita muito bonito. Queria agradecer ao Andi, nosso amigo alemão que tirou todas as fotos e filmou os vídeos, porque nesse dia não levei câmera. Também já adianto que tem dois vídeos deles cantando/rezando, que ficaram muito bons. Não deu pra filmá-los direito, mas a música dá pra ouvir bem.

Bom, nesta primeira foto estão: Andi (nosso amigo alemão que tirou as fotos), eu, Miguel e Alexandre, no centro da cidade, onde nos encontramos com a Sarah (alemã amiga do Andi) que foi conosco para o templo. Esta segunda foto ilustra estas construções bem comuns que tem no centro de chengdu, por cima das ruas. Nós saímos para o templo às 15hs. Aqui está escurecendo por volta de 19h40, portanto não era tarde. Andamos um pouco, pegamos um ônibus, e chegamos rápido no maior templo budista daqui de Chengdu, que tem construções centenárias, e é realmente impressionante. No primeiro momento, achei que fosse um local mais turístico, mas depois vi que esta errado. Na verdade, não entramos de fato em nenhuma construção, apenas passávamos por fora e víamos pelas portas e janelas, pois os sacerdotes estavam orando (e cantando também). Nós éramos os únicos turistas, e senti como se estivéssemos, sei lá, atrapalhando. Quando chegamos lá começou uma chuvinha fina, que aqui é sempre assim e, pelo menos pra nós advindos dos trópicos, e que estamos acostumados com chuvas torrencias, não nos incomodou. Esta foto ao lado, tirada pela Sarah, no muro externo, já mostra um pouco do tamanho do templo que fomos visitar. Pode parecer meio piegas, mas eu me sentia o tempo inteiro dentro de algum filme chinês. Nada ali, a não ser nós mesmos, nos lembrava do século 21, ao contrário, todas as construções, e os sacerdotes andando por todos os lados, nos remetia a algum tempo passado. A música cantada nas orações é de uma tranquilidade infinita (vocês verão no vídeo). Parecia que ali dentro o tempo passava mais devagar que no resto da China. O que contrasta incrivelmente com o exacerbado e movimentado crescimento que vemos pelo resto da cidade toda, com seus guindastes gigantes, e prédios pintados de cinza. Acho que esta China, que encontramos na última segunda, é a China que eu gostaria de ver mais por aqui. Uma China de tradição e cultura milenar e que muito presentiou à humanidade. Porém, no ritmo de crescimento econômico em que se encontra, me pergunto se perdurará esta tradição, esta sabedoria que ainda vemos, e estas construções magníficas e suntuosas, como esta retratada na foto ao lado.

Dentro do Templo, achei muito parecido ao templo Taoísta que visitei semana passada. Talvez vocês concordem comigo comparando algumas fotos. Por aqui, muitos dragões, e outros animais sagrados também são vistos por todos os lados. Nesta foto de cima, vocês conseguem enxergar os vários pequenos dragões nas beiradas dos telhados? Eu contei pelo menos 8. Esta outra foto ao lado dá um pouco a idéia de tranquilidade e tradição emanada dentro deste templo? Espero que sim. Pois passamos uma tarde muito agradável caminando por estes templos. O momento mais emocionante foi quando uma oração só de mulheres (que devem rezar em local separado dos homens) começou, e pudemos, mesmo que de longe, observar. É impressionante. As sacerdotisas ficam ajoelhadas (em almofadas especiais), numa mesma posição, praticamente imóveis, viradas para o mesmo lado, e cantando, durante todo o tempo, em uníssono. Enquanto isso, outras duas tocam instrumentos de percussão para marcar o ritmo, outra lê (em voz baixa) e outra, pelo que entendi, meio que conduz o rito. Em dado momento, ela pega uma "vela" e leva para fora do templo, e acende outra vela. Eu achei impressionante e muito bonito. Vou colocar agora os dois vídeos. Primeiro, o das sacerdotisas cantando/orando, de forma bela e até meio hipnotizante.

Segue o primeiro vídeo:

Depois outro vídeo, esse, pelo que entendemos, é dos sacerdotes rezando/cantando. Não dá pra vê-los direito, mas dá pra ouví-los bem. Aí vai:

Bom, esta outra foto é de um monumento que tem dentro do templo, que também achei muito interessante. Dá pra ver nela o Alexandre, eu e a Sarah. Depois do templo fomos jantar num restaurante muito bom que tinha ali perto, vegetariano. Comemos coisas como broto de bambu, cenoura, cogumelos, outros vegetais estranhos e, claro, arroz! O lugar era extremamente confortável, com poltronas, ao invés de cadeiras, ao redor de uma mesa pequena, de chá. A música ambiente era também muito agradável. Como não tinha entendido os preços, calculei que pelo lugar e pela comida, fosse ficar algo caro. Qual não foi minha surpresa quando a conta chegou = 17 yuans para cada (algo entre 4 e 5 reais). Mas não pensem que absolutamente tudo por aqui é assim tão barato. Encontrei o Andi hoje, e ele disse que ontem foi com mais 12 amigos num bar por aqui, e que a conta final foi de 3.000 yuans! Você tem que saber onde ir, há muitas boas opções baratas por aqui!Falando um pouco da semana, foi mais ou menos como eu previa, as aulas começaram e ficou um pouco difícil de continuar saindo pela cidade. Na verdade, de terça até hoje eu quase não saí da faculdade, e os dias foram bem iguais. Vou resumir: Acordamos as 8h30, fazemos café (com um aquecedor de água que todos tem no quarto). As 9h a aula começa, 10h30 um pequeno intervalo de 10 minutos. Saímos da aula às 12h20, com pressa para chegar no bandejão a tempo (que fecha pouco antes da 13h). Almoçamos, voltamos para o quarto. A tarde fazemos coisas como estudar, arrumar o quarto, lavar a roupa, ficar no computador, etc. Jantamos por volta das 19hs, e aí ficamos conversando nos quartos ou corredores e matando o tempo até dormir. Isto é o que fazemos todos os dias, sem grandes mudanças. Logo vão começar as aulas de economia, para nos ocuparem um pouco durante a tarde. Ah, já começaram a nos dar os tutores, os alunos chineses que vão nos acompanhar e nos ajudar nos estudos. Eu ainda não tenho um, mas logo vou ter. Também estou impressionado com quanta coisa aprendemos em uma semana. Mesmo que não perfeitamente, já sabemos manter um pequeno diálogo de alguns minutos sobre coisas banais como: Como você está? Você quer café? Você gosta de coca-cola? Seu pai está bem? E coisas do tipo. O mais difícil para mim está sendo a pronúncia, com cinco tons diferentes. Escrever (ou desenhar?) os caracteres, também é difícil, pois devem ser escritos na ordem certa, e temos que decorar o significado de pelo menos uns 10 por dia, é muito! Bom, hoje é aniversário de uma das alemãs que está na nossa sala (que inclui, além de nós 6 brasileiros duas alemãs e uma chilena). Vamos comemorar em algum lugar. Bom, espero que no final-de-semana façamos coisas mais interessantes, para que eu possa postar mais aqui no blog! Finalizo com um vídeo que o Andi fez em um passeio (nesse eu não fui), em que ele pegou um vendedor tocando uma flauta tradicional chinesa. Ficou bem legal! Aí vai o terceiro vídeo:

Um abraço para todos, e espero que ainda estejam gostando do blog!


6 comentários:

Unknown disse...

Oiiiiii
tô adorando ler isso aqui!! tá mto bem escrito e tb mto interessante!! leio e fico me sentindo na China hahahhaah
saudades!!
bjsss

Pat_RL disse...

Chico, to adorando todas essas fotos e depoimentos. Tenho acompanhado diariamente suas aventuras na china! Claro que também estamos sentindo a sua falta por aqui!Nessa quarta, fizemos uma mesa com o Plinio pai na Unicamp, Foi muito boa! vc ia gostar!
um beijão

Daví disse...

Chico,
seu blog tá muito legal! E parece que vocês tão curtindo aí, né? Fico feliz!!!

Agora, essa China milenar que você tanto gostou é a que manteve o país imóvel e pobre por milhares de anos, viu?
Que amarrava os pés da mulheres e que mantinha o povo na ignorância e no mundo mágico das crenças e da religião...
Cuidado...

Abraços

Ricardo Falcoski disse...

fala chicooo...adorei o post do passeio do templo e realmente fiquei viajando vendo as sacerdotisas e sacerdotes rezando. Aquela foto de suvinirs espalhados no chão ficou muito legal, ainda pq, estou lendo um texto do Fredric Jameson para uma disciplina de estética ("pós modernismo: A lógica cultural no capitalismo tardio") em que essa foto caberia certinho numa apresentação nesse tema. E não querendo tornar um espaço de discussão, mas discordo do post anterior falando que o mundo da religião era um mundo "mágico", acredito que o mundo agora é mais mágico do que nunca, onde não há mais um sujeito participativo na política nem na história, e uma quebra total das esferas culturais e políticas, dissolvendo toda e qq identidade.
Muitos abraços pra ti, amigo francis aligator. Esse sábado a gente vai dar um coça no Filipe...hhaha

Daví disse...

Como não resisto à provocação, vou te responder, Rica.
O mundo da religião é por suposto mágico, já que o mundo não é explicado pela razão e sim por revelações... Ainda mais no caso do budismo, onde isso é muito claro: culto aos antepassados, crendices absurdas sobre o enterro das pessoas e etc.

Quanto ao mundo de hoje, ele não é mágico mas hiperreal, como diria o Baudrillard. Mundo de signos que pulam sem parar e que nunca são interpretados, com grande papel dos meios de comunicação... Todo mundo apático sim, mas por outros motivos...

Aliás, o Baudrillard é o autor fundamental para se entender esse mundo da mídia e do consumo e não um despistado como o Jameson que nem tem idéia do que é um capitalismo tardio..
Abraço

Francisco_Assumpcao disse...

Que bom que o blog esta incitando uma discussao de tao alto nivel como essa. Tive que perguntar algumas coisas para o Miguel para entender melhor a divergencia entre os dois autores (Jameson e Baudrillard).
Um abraco aos dois e a todos,